sexta-feira, 1 de maio de 2009
Quarenta dias para pensar
Inicia-se na quarta feira de cinzas, após a grande festa pagã do carnaval, o período em que os cristãos, católicos, escolhem para fazer uma penitência daquilo que mais gostam.
Muitos abdicam refrigerante, cerveja ou carne vermelha uma tradição religiosa que perpassa muitos anos.
Imaginemos se todos do nosso circulo de convivência resolvessem abdicar a televisão, nesse período.
Justo ela tão importante para informação e entretenimento.
Deslocados estaríamos se não pudéssemos assistir aquilo que nos faz ver o mundo mais de perto com imagens, cores, som e movimento.
Perderíamos uma conexão com o mundo, em meio a Era Digital. Pois, precisamos dela para finalizar nossas noites no sofá, comendo exageradamente, ver notícias, assistir aquele futebol.
Se não víssemos televisão ao menos meia hora por dia o que comentaríamos no ônibus, no trabalho, na faculdade.
O que falaríamos quando nos perguntássemos sobre o Big Brother.
Em quarenta dias, morre-se um papa, acontecessem terremotos, inicia-se guerras. Ficaríamos sabendo, é claro, mas não veríamos aquilo noticiado através da tevê.
Perderíamos quarenta dias da nova novela das oito que dita moda, tanto nas roupas quanto na fala.
Nos primeiros dias sentiríamos falta daquilo já estávamos acostumados fisicamente. Semanas depois, sentiríamos o deslocamento da nossa mente, em relação às outras. Com mais tempo teríamos crises de abstinência. Não só da diversão. Mas, da informação.
Momentos que eram gastos em frente à tv demorariam mais a passar. Resta procurar algo que compense esse tempo. Leitura, sono, companhia. Até os quarenta passar e o dia da glória chegar.
Mas antes, uma sexta-feira Ele nos dá. Para refletir sobre aquilo que deixamos de fazer. Deixamos de nos informar, de divertir, de compartilhar.
Bendita ou maldita penitência!
Até que...Aleluia! O dia chegou.
Podemos então, esbanjar a tevê.
Passar o dia inteiro a namorar o objeto que está na sala, no quarto, na cozinha que nem mesmo dávamos valor. Esse tem que compensar todos os outros. Vamos curtir toda a programação de sábado.
Desenho pela manhã, à tarde entre apertos no controle remoto nos programas de Rodrigo Faro, Angélica, Luciano Huck, Mini-séries enlatadas e importadas.
Perceberíamos, então, na Ressurreição de domingo, que de novo não tivemos nada.
Crônica produzida para a disciplina Tecnicas de Produção Jornalistica III - Prof. Sérgio de Sá
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